Peter berguer
O autor inicia o capítulo fazendo menção ao capítulo anterior no qual vimos os sistemas de controle social, cuja abordagem leva a crer num antagonismo entre o indivíduo e a sociedade, no qual a sociedade exerce pressão e coage o indivíduo. No entanto, nem sempre esse jugo parece suave porque muitas vezes nós mesmos desejamos aquilo que a sociedade espera de nós. Nas palavras do autor, “a sociedade determina não só o que fazemos, como também o que somos” (pg. 107, continuação do § anterior). Como explicação para esse comportamento, o autor sugere três áreas de interpretação, conhecidas como a teoria do papel, a sociologia do conhecimento e a teoria do grupo de referência.
A teoria do papel, criação intelectual praticamente toda americana, afirma que cada situação apresenta expectativas específicas a um indivíduo, onde o papel, ou seja, “uma resposta tipificada a uma expectativa tipificada” (pg. 108, 1º §), oferece os padrões que devem ser seguidos pelas pessoas nas diversas situações, implicando em ações, emoções e atitudes a eles relacionadas. Cabe ressaltar que na maioria das vezes essas implicações vêm naturalmente, inconscientemente, e não propositada ou refletidamente. Os papéis têm sua disciplina interior, dando forma e construindo tanto a ação quanto o ator, e acarretam em certa identidade. Essas identidades, por sua vez, e os papéis que as definem, podem ser de fácil mobilidade, como também quase impossível mudança. Concluindo, o autor afirma que “o significado da teoria do papel poderia ser sintetizado dizendo-se que, numa perspectiva sociológica, a identidade é atribuída socialmente, sustentada socialmente e transformada socialmente” (pg. 112, 1º §).
Sendo assim, a identidade precisa que a mesma sociedade que a define, lhe dê sustentação, pois um papel não faz sentido sem o contexto que o respalde. “Em termos sucintos, todo ato de ligação social