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Narrativas Migrantes: Literatura, Roteiro e Cinema
Jeca Tatu, cinema, aspirinas e urubus
Epígrafe
Á idolatria do progresso contrapôs-se a da sua maldição: somaram-se assim dois lugares comuns.
Paul Valéry
Texto
- Muitas das críticas feitas ao ideário da modernidade por pensadores dos países centrais (...) já estavam presentes, no discurso de intelectuais latino-americanos, em decorrência das contradições geradas pelo projeto modernizador no subcontinente: a tensão entre os modelos vindos de fora e as condições locais, que nem sempre a eles se ajustavam, estimulou, por vezes, a relativização do valor dos próprios modelos.
- Descrevemos, ao longo de nossa trajetória, um movimento pendular entre marcar negativa ou positivamente a não sincronicidade com o tempo dos países centrais - movimento cuja direção dependeu sempre das conjunturas históricas e dos lugares teóricos, a partir dos quais se articulavam os discursos de nossos pensadores.
- A Europa naquele momento oferecia patologias e não apenas modelos. (Richard Morse - 1990)
- No modernismo brasileiro, afirma-se, então, a tendência para valorizar o efeito singular das nossas misturas e anacronismos, marcando-se como positivo aquilo que, entre nós, resistiu à aceleração do tempo e que não necessariamente deveria ser visto como atraso, podendo, ao contrário, ser tomado como resistência a um a modernização pautada pelo ritmo dos negócios, pela mentalidade pragmática e competitiva do norte.
- O elogio da não sincronicidade com o tempo europeu passava, desse modo, pelo que Nathan Wachtel (1971) chamou de “tradição como meio de recusa”, isto é, os vencidos resistiriam, criando uma história lenta como forma de oposição à história rápida dos vencedores, criando uma espécie de anti-história.
- Oswald de Andrade, ao problematizar o nosso descompasso tecnológico, revela preocupação com um novo fenômeno: a “invasão” da cultura de massa norte-americana. Em “Carta aberta a Monteiro Lobato”, volta ao