Perspectivas do crescimento da economia
Luiz Carlos Bresser Pereira∗
A economia brasileira passou por um enorme ajustamento positivo entre 1999 e 2004, que poderia indicar o caminho da retomada do desenvolvimento. Entretanto, não há razão para otimismo por duas razões: porque um problema macroeconômico fundamental e agudo não teve sua solução encaminhada – a taxa de juros Selic – e porque as autoridades monetárias não se revelam suficientemente determinadas a evitar que a taxa de câmbio volte a se valorizar.
O
crescimento
econômico
depende,
em
primeiro
lugar,
de
estabilidade
macroeconômica – estabilidade que não é alcançada no Brasil desde a crise de 1979. Há 25 anos, portanto, o país experimenta alta inflação, e/ ou déficit público, e/ou déficit em conta corrente, e/ou taxas de juros elevadas – os quatro sinais que, isolada ou conjuntamente, indicam a existência de desequilíbrio macroeconômico. Principalmente por essa razão a economia permanece semi-estagnada, apresentando uma taxa média de crescimento per capita inferior a 1% ao ano.
Em segundo lugar, o crescimento depende da taxa de poupança e de investimento.
Esta taxa baixou dos 24% aproximadamente em que se encontrava no final dos anos 70 para
18 a 19% nos últimos anos, em grande parte porque a poupança pública tornou-se desde então altamente negativa. Em terceiro lugar, depende da eficiência com que os recursos são utilizados, que baixou nos últimos 50 anos, como é possível ver pela queda da reação marginal produto-capital, que estava próxima de 0,5 e hoje caiu para quase a metade.
É por esta última razão que, de um lado, as reformas institucionais e a reforma da gestão pública, e, de outro, a educação e o desenvolvimento tecnológico e científico são tão importantes. Entretanto, a tese insistentemente repetida pelo governo atual, assim como pelo anterior, de que o equilíbrio macroeconômico foi alcançado, e agora “tudo depende das reformas”, constitui grave