PERFIL DO CLIENTE
Para entendermos qual a finalidade das casas enquanto habitação, devemos pensar para quem são essas casas, a que tipo de cotidiano elas são destinadas, que valores são transpostos para esse ambiente, de que noção de homem partem os projetos dessas casas e que referências pressupõem.
As casas-pátio são como exercícios abstratos, projetadas sem que sejam destinadas a um cliente e desprovida de qualquer programa familiar. Quando Mies resolve trabalhar com o máximo de abstração possível, ele se nega a pensar nas casas que projeta a imagem da família. Mais que isso, abre mão dos programas convencionais, dos elementos representativos de privacidade e exigências morais embutidos. O arquiteto faz isso porque deseja compreender a essência da vida moderna e, dessa forma, renuncia a memória que a casa guarda de si como ambiente da família.
A casa não foi pensada para nenhum tipo de família, mas se considerarmos suas dimensões, dificilmente pensamos que seu usuário seja uma única pessoa, assim como não imaginaríamos que muros altos não pretendem servir como limite do lote, muito menos para provocar o conforto ambiental no pátio. A verdadeira função/motivação dos muros é possibilitar privacidade e permitir que a vivência nesse espaço transcorra livre, livre de toda moral e coerção social.
MATERIALIDADE
Percebemos que o arquiteto trabalha tanto com materiais tradicionais como o tijolo, a pedra e o couro quanto com materiais mais avançados como o aço e o vidro.
Um elemento presente nos desenhos da casa com três pátios é a lareira feita em tijolos. A mesma é disposta na parede de maneira discreta para não permitir a sensação de verticalidade, como se fosse apenas um objeto que remete a uma evocação de passado, um tempo que pode voltar sobre si mesmo.
A pedra utilizada nos muros e no piso faz referência às tradições locais. É um artifício utilizado por Mies como forma de passar mais subjetivação da modernidade, afirmando a condição temporal da habitação.
SETORES