Percie - Como tornar nossas ideias claras
8208 palavras
33 páginas
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COMO TORNAR AS NOSSAS
IDEIAS CLARAS
Charles S. PEIRCE
Tradutor:
António Fidalgo
www.lusosofia.net
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COMO TORNAR AS NOSSAS
IDEIAS CLARAS
(HOW TO MAKE OUR IDEAS CLEAR,
Collected Papers V, 388-410)
Charles S. PEIRCE
Índice
1 – Clareza e distinção
2 – A máxima pragmatista.
3 – Algumas aplicações da máxima pragmatista
4 – Realidade
1
6
13
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1 – Clareza e distinção
388. Quem já tenha folheado um tratado moderno de lógica dos do tipo habitual, recordar-se-á com certeza das duas distinções entre concepções claras e obscuras, e entre concepções distintas e confusas.
Encontram-se nos livros há quase dois séculos, sem estarem provadas e sem terem sido modificadas, e em geral os lógicos contam-nas entre as jóias da sua doutrina.
389. Uma ideia clara é definida como uma que é apreendida de tal forma que será reconhecida onde quer que se encontre, de modo que
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Charles S. Peirce
nunca será confundida com outra. Se esta clareza faltar, dir-se-á então que é obscura.
Isto é um exemplo bem típico de terminologia filosófica; mesmo assim, pois que estão a definir clareza, eu desejaria que os lógicos fossem um pouco mais claros na sua definição. Não falhar nunca no reconhecimento de uma ideia, e não a confundir em quaisquer circunstâncias com outra, não importa sob que forma mais recôndita, implicaria com efeito uma força e uma clareza tão prodigiosas do intelecto como se encontram raramente neste mundo. Por outro lado, habituar-se meramente a uma ideia de modo a familiarizar-se com ela, e não ter qualquer hesitação em reconhecê-la nos casos comuns, dificilmente parece merecer o nome de clareza de apreensão, pois que em qualquer caso isso apenas tem a vêr com um sentimento subjectivo de domínio que pode estar perfeitamente errado. Suponho, contudo, que, quando os lógicos falam de