As parasitoses intestinais ocupam lugar de destaque entre as doenças infecciosas, por sua alta prevalência e incidência na população mundial, particularmente nas regiões norte e nordeste, devido ao alto índice de desnutrição, baixo nível sócioeconômico, condições ambientais favoráveis e falta de saneamento básico. Na Paraíba, apenas 12,8% da população é beneficiada com sistema de esgoto e são poucas as estações de tratamento que funcionam adequadamente, lançando no meio ambiente efluentes com elevada contaminação fecal. A taxa de mortalidade infantil é de 6,8% e a expectativa de vida, em torno de 66 anos. Em Campina Grande (PB), a segunda maior cidade do estado da Paraíba, com 360.000 habitantes, destacam-se rios e açudes urbanos com elevada poluição orgânica e fecal, dentre eles, o Rio Bodocongó (75 km), situado na bacia do mesmo nome (981 Km2) que é integrante do sistema de macrodrenagem urbano. Este açude recebe efluentes domésticos e industriais, e serve de suprimento de água para diversas atividades. Esta pesquisa objetivou analisar a diversidade e freqüência de ovos de helmintos e cistos de protozoários na água e no sedimento do Rio Bodocongó, no semi-árido paraibano, e comparar com os níveis de sólidos totais e frações dos mesmos. Em um trecho de 54,4 km do rio, foram demarcados 7 pontos e amostrados no período 12/99 a 05/01. Em cada ponto foram coletadas 20 amostras de água e 5 de lodo. Os métodos modificados de Bailinger (helmintos) e de Ritchie (protozoários) foram utilizados nas amostras de água e para o lodo (helmintos) se empregaram as técnicas de Meyer et al. e Yanko. Constatou-se a presença de ovos de Ascaris lumbricoides (detectados em maiores números) nos quatro primeiros pontos, independentemente do método aplicado em ambos tipos de amostras. Nenhum ovo foi detectado nos três últimos pontos, sugerindo alta capacidade de autodepuração do rio, que pode ser relacionada principalmente à sedimentação, visto que a freqüência de aparecimento de ovos