Panem et circenses – de Roma ao Brasil

Rousseau afirma que todo poder emana do povo, por isso, nenhum ser humano pode, sozinho, ser detentor dele. Partindo de tal pressuposto, pode-se entender que os governantes na realidade são, ou pelo menos deveriam ser os representantes escolhidos pelo povo para exercerem o poder a favor de todos. No entanto, a busca por status tem levado muitos destes representantes – políticos – a criarem meios de alienar a população, fazendo com que esta permaneça desinformada sobre suas reais intenções. Com efeito, um dos mecanismos alienantes mais conhecidos é a “política do pão e circo”, prática utilizada inicialmente pelo Império Romano como estratégia para dispersar a atenção da população acerca dos reais problemas sócio-políticos enfrentados por Roma.
De acordo com relatos históricos, durante as conquistas romanas o crescimento da escravidão na zona rural promoveu a migração de vários camponeses para as cidades, em devido ao alto índice de desemprego. O desenvolvimento urbano suscitou graves problemas sociais. Em decorrência disto, o imperador, temendo que a população se insurgisse diante da falta de emprego, instituiu a política “panem et circenses”, ou seja, a política do pão e circo.
A priori, tal política desenvolvia-se da seguinte maneira: com o objetivo de distrair a população, os césares promoviam lutas onde havia gladiadores que lutavam na arena até a morte, provocando a euforia da população. Para manter a massa cada vez mais alienada, durante as lutas distribuíam-se pães gratuitamente para a população, visando assegurar-lhe o alimento diário. Tal estratégia “pacificadora” lograva êxito, pois ao mesmo tempo em que a massa se distraía, alimentava-se, e diante disto esquecia-se dos problemas que lhe afligia e não intencionava rebelar-se.
Esta forma de organização política pode ser observada no filme Gladiador, dirigido por Ridley Scott. A película foi exibida pela primeira vez em 2000 e constitui uma espécie de resgate de alguns fatos históricos ocorridos no