Pacientes hemodialises

A POLÊMICA EM TORNO DO NEXO CAUSAL ENTRE TRANSTORNO MENTAL E TRABALHO
Maria Elizabeth Antunes Lima¹

1 INTRODUÇÃO
O tema sobre o qual tratarei neste artigo tem sido um dos mais discutidos no campo da Saúde Mental e Trabalho (SM&T). O fato de ser constantemente convocada a tratar dele, seja por meio de palestras ou artigos, só vem confirmar a importância crescente que o problema assumiu, entre nós, no decorrer dos últimos anos. Creio que a explicação para esse interesse não é difícil de encontrar. O estabelecimento do nexo causal é o problema mais espinhoso a ser enfrentado nesse campo, não somente pela grande quantidade de teorias (muitas vezes contraditórias) em torno do assunto, como também em decorrência das dificuldades próprias ao nosso objeto. Além disso, quase todos aqueles que atuam na área da saúde do trabalhador têm sido, de uma maneira ou de outra, confrontados com a necessidade de responder a pelo menos duas questões centrais: existe ou não uma relação de causalidade entre transtornos mentais e trabalho? E, caso exista, como comprová-la? No entanto, o reconhecimento das dificuldades que envolve a busca de respostas a tais questões não pode nos impedir de enfrentá-las. É o que irei tentar fazer neste artigo, cujo propósito principal é o de contribuir para o avanço das reflexões em torno desse problema.

2 A RELAÇÃO ENTRE TRANSTORNOS MENTAIS E TRABALHO - ORIGEM DO PROBLEMA
A expressão “Psicopatologia do Trabalho” foi cunhada por Paul Sivadon, em um artigo, com esse título, publicado, em 1952.² Esse teórico fez parte do movimento da Psiquiatria Social, que emergiu, na França, no período imediatamente posterior à Segunda Guerra Mundial, exercendo uma enorme influência nos rumos que iria tomar o campo da SM&T, naquele país.

¹ Professora Adjunta do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Minas Gerais

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No seu mais famoso artigo, discorreu longamente sobre os usos terapêuticos do trabalho, isto é, sobre as possibilidades de se