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DOCUMENTÁRIO: LIXO EXTRAORDINÁRIO

O documentário tem uma faceta muito louvável, pois o Vic Muniz, não somente se apropria da história dos catadores de material reciclável Gramacho, ele os coloca em cena como atores da própria história, não são meros espectadores ou objetos do documentário, eles participam da produção subjetiva do filme.
Outro ponto interessante é que as obras são feitas com material do cotiando das pessoas que participam, e que no início o artista nem tinha em mente ainda o que exatamente seria retrado, isso foi sendo delineado a partir da interação da equipe com os sujeitos/objetos do filme.
A partir dessa interação, o documentário assume contornos diferentes de uma mera história contada, mas integram as emoções e vivências dos catadores, e desperta a preocupação do Vic em produzir algo que também beneficie os catadores, ele se “ apropria” das histórias deles para compor as obras, e depois a venda de algumas dessas obras terão seus valores revertidos para os catadores, possibilitando assim, uma melhora significativa na vida financeira dessas pessoas, além de dar-lhes oportunidade de resgatar a dignidade e autoestima.
Torna-se visível a sensibilidade do artista e da equipe no tocante a situação enfrentada pelos personagens que compõem essa história, de enxergá-los como cidadãos marginalizados e tentar inserem-los novamente na sociedade, fora daquela que estavam acostumados, que lhe foram impostas pela falta de oportunidade.
Um aspecto importante, é que, com o desenrolar do projeto, alguns indivíduos tornam-se protagonistas de sua própria história, quando dão seus depoimentos e despertam um certo senso crítico quanto a sua condição social, de sujeitos à margem das convenções sociais impostas pelos modelo econômico, político e social, que exclui aqueles que não se enquadram em seus rótulos.
Um dos pontos mais legais do documentário do filme é o exercício da alteridade que é realizado, de enxergar-se no lugar do outro, de entender a condição