Oscar Niemeyer Artes
A arquitetura de Oscar Niemeyer sempre despertou interesse internacional, a partir de sua divulgação, nos anos 1940, no livro Brasil builds, de Philip Goodwin. Esse interesse parece ter atingido seu auge no ano em que o arquiteto comemora 100 anos, em plena atividade profissional, o que por si só já seria motivo para comemorações. É inevitável perceber a grande dose de oportunismo insincero que rodeia esse centenário: há uma corrida pelos projetos do mestre detonada pela notoriedade atual, de parte de políticos que pouco tempo atrás não lhe davam nenhuma atenção.
No entanto, em todas essas décadas de obras do nosso arquiteto mais conhecido, poucos parecem ter se interessado realmente em desvendar sua arquitetura e apontar aquilo que ela pode ensinar a nós, praticantes normais e estudantes. Poucos são os textos que vão além do elogio delirante ou da crítica ácida.
Proponho abordar a sua produção por meio da teoria, ou seja, da reflexão sobre a prática, procurando apontar algumas características da sua obra que nos possam servir ao projetar e/ou ensinar. Dessa maneira, o presente texto pode ser visto como uma retomada do que já havia feito nas páginas desta mesma revista, há exatos 20 anos (AU 24).
Como Niemeyer é um dos arquitetos modernos mais importantes, para que qualquer discussão acerca da sua obra faça sentido ela deve se dar no âmbito da arquitetura moderna. Analisar essa obra aplicando a ela critérios diferentes daqueles que compareceram na sua concepção é estabelecer um discurso praticamente sem utilidade.
Portanto, ao falar de forma ao longo deste texto, estarei me referindo sempre ao sentido moderno do termo, como estrutura de relações entre elementos, e não sobre a aparência de um objeto.
Forma sintética = identidade formal
Uma das características mais marcantes da obra de Niemeyer, que a diferencia do que fazem 99% dos demais arquitetos, é possuir forte identidade formal. Essa qualidade deriva da presença de estruturas formais claras