Os senufos e a divindade Terra
Prof.ª Marly Spacachieri
Texto: LEITE, Fábio Rubens da Rocha. Capítulo 16: a natureza mágica da terra. In: A questão ancestral: África negra. São Paulo: Palas Athena, 2008. p. 329-338.
Licenciandos: Fred Ribeiro Gleice Francine Barbosa Pâmela Keiti Baena Rafael Benitez Valverde
Os Senufo e a divindade terra: a vida comunitária
No capítulo 16 “A natureza mágica da terra”, do livro de Fábio Leite “A questão ancestral: África negra”, discute-se a explicação do mundo pelos Senufo, os ancestrais históricos, a divindade terra e sua indivisibilidade e as relações sociais estabelecidas a partir destas questões. Os Senufo são um povo negro da África Ocidental de língua sudanesa, no norte da Costa do Marfim e na fronteira do Mali com o Alto Volta1. Para se compreender as suas relações sociais e sua relação com o espaço geográfico é necessário compreender sua concepção de mundo. Esta concepção se baseia na crença de algo preexistente e na “dimensão divina da realidade” (LEITE, p. 329).
A terra é considerada sagrada, chegando ao ponto de ser considerada ela própria uma divindade. É uma das principais manifestações do preexistente. “Divindades de extremo poder” (p. 329) protegem e guardam-na. Para que uma área possa ser ocupada, estabelece-se um pacto entre o ancestral fundador e as divindades. Graças a estes pactos, que dizem que a terra precisa descansar, difundiu-se a técnica de exploração cíclica do solo. A terra é cultuada através de cerimônias características nos ritos agrários, com as divindades, onde podem ocorrer sacrifícios de sangue (p. 330). Os instrumentos de trabalhar o terreno também fazem parte do ritual de sacralização da terra e devem ser construídos a partir da matéria-prima tirada do solo. Além das enxadas, há mais quatro instrumentos essenciais para os Senufo trabalharem a terra, todas fabricadas por ferreiros (p. 335). Toda a terra pode ser aproveitada,