os ptocessos de planejamento na construcao das sociais
Muitas pessoas vêem planejamento como uma questão de fazer planos, delegar respon- sabilidades, se necessário passar leis e determinar o orçamento. No Brasil, especial- mente em nível federal, o planejamento ainda é visto como uma coisa quase que estritamente tecnicista dominada por economistas e burocratas. Eles assumem que uma vez tendo o plano certo, a implementação sairá automaticamente. Porém, a realidade tem sido diferente: muitos projetos, programas e políticas falham na implementação como planejado ou têm impactos negativos inesperados. Temos longas décadas de ex- periências fracassadas de planejamento, com planos mirabolantes ou megalômanos, que no papel funcionam, mas não na prática, onde alcançam resultados decepcionantes ou desastrosos. Exemplos incluem a Transamazônica, o Polonoroeste e atualmente o famig- erado Fome Zero, sem falar nos incontáveis e catastróficos planos econômicos. Somas consideráveis de recursos são gastas, e só contribuem para o alongamento das décadas perdidas. Por que costumamos falhar então? Este artigo tenta responder essa pergunta. Ele faz uma análise conceitual so- bre as diversas maneiras de se pensar planejamento, particularmente com respeito a políticas públicas. Focaremos principalmente nos problemas de planejamento nos chamados países em desenvolvimento, em especial no Brasil. A ênfase dada à buro- cracia de formulação e controle e às previsões dos economistas tende a colocar som- bra na parte mais importante: o processo de decisão, que é uma construção política e social. Mostraremos que o planejamento em políticas públicas tem que ser visto como um processo, e não como um produto técnico somente. A importância do pro- cesso se dá principalmente na implementação, pois esta é que vai levar aos resulta- dos finais das políticas, programas ou projetos. O artigo segue primeiramente com uma análise de algumas visões típicas de planejamento que se encontram na prática. A seguir, examina a relação entre plane-