Os protagonistas RHBN

2364 palavras 10 páginas
Os protagonistas
Negado durante anos, o “povo brasileiro” foi recentemente “redescoberto” pela historiografia.
Agora só nos falta aceitar
Marcus J. M. de Carvalho – 1/12/2013
Que país é este? Ao longo da trajetória desse imenso território que veio a formar o Brasil, jogamos luz para quem, quase sempre, ficou à margem: os filhos que não fugiram a luta

(Operários, pintura de Tarsila do Amaral, 1923)

Quando o Brasil nasceu, logo na primeira Constituinte, em 1823, houve uma discussão sobre o que seria a nação brasileira, quem deveria ter direitos políticos e que direitos seriam esses. A noção de povo estava no centro da discussão. Será que o Brasil teria um povo, na forma como os europeus entendiam este termo?
Bem, para os franceses, por exemplo, era claro. Francês era francês, mesmo que o país tivesse várias etnias, verdadeiras micronações lá dentro falando bretão, occitane etc. Os americanos chegaram até a resolver o problema, entronizando a ideia de “país dos imigrantes” na sua própria justificativa de ser.
Mas e o Brasil? Teríamos um povo realmente, ou o que havia aqui era um agregado informe de gente de diferentes procedências, com posições prefixadas, escravos e senhores, falando línguas diversas, sem nada que os unisse além da inevitável relação de trabalho? Seria essa gente uma massa, sem um nexo ideal comum, uma cultura que os unisse para, enfim, formar uma nação? Salvo um ou outro liberal radical, eram poucos os que incluíam índios e escravos no povo. Eram outra categoria. Estavam fora daqueles direitos e deveres comuns que chamamos hoje em dia de cidadania. E o resto, nas cidades, era uma “África”, como diziam os viajantes, entre irônicos e temerosos, de um país que não entendiam. A fina nata do patriciado brasileiro concordaria com isso. Entre eles e os escravos, o que havia era uma “população”, um arremedo de povo, algo ainda em construção. Era preciso educá-los, civilizá-los. Se possível, branqueá-los.
Esta visão racista e desesperançada, que não

Relacionados

  • Cultura Brasileira Contemporânea.
    2043 palavras | 9 páginas
  • A dona do sertão de Maria da cruz
    71277 palavras | 286 páginas