Os mitos mais comuns sobre a Idade Média
Embora a historiografia tenha avançado consideravelmente nos últimos séculos, sobretudo graças ao surgimento de centros universitários de excelência eatravés da publicação incessante de obras de divulgação (1), persistem ainda imprecisões graves sobre fatos e períodos históricos. Muito disso ainda se deve à propagação de informações imprecisas, criadasno passado, que, embora amplamente discutidas e desmentidas nos meios acadêmicos, não chegam a conhecimento popular.
Um dos mitos mais correntes diz respeito às penas de morte durante a IdadeMédia. Popularmente, acredita-se que naquele período - que vai de 476 a 1453 d. C. - as execuções eram prática diária e indiscriminada. Contrariamente, pesquisas sérias apontam que a pena de morte noperíodo medieval era uma pena extremamente severa e aplicada a poucos casos, geralmente como punição para crimes como assassinato e traição. De fato, foi durante a Idade Média que o sistema jurídico herdadodos romanos desenvolveu-se, e os julgamentos de então eram condiderados bastante justos.
Outro mito bastante corrente era o de que durante a Idade Média as Bíblias eram trancadas e mantidasafastadas da população, de modo a manter o povo ignorante sobre as Escrituras. Esse mito não encontra qualquer sustentação, e seu surgimento pode ser explicado por um equívoco interpretativo. Durante a IdadeMédia, todos os livros eram escritos à mão, já que não havia a imprensa (até a sua invenção, por Gutenberg). O trabalho de copiar e encadernar os livros (incluindo a extensa Bíblia) ficava a cargo dosmonges católicos, que trabalhavam durante meses em um único exemplar. Devido ao trabalho e tempo necessários, os livros feitos à mão eram extremamente valiosos, e eram requisitados em todas asparóquias, já que a Bíblia era lida diariamente durante a Missa. Era natural, portanto, que esses valiosos e insubstituíveis bens fossem protegidos contra a ação da natureza e de potenciais