Os maias

Passaram-se muitos anos desde que Eça de Queirós escreveu Os Maias, porém, ao contrário do que seria de esperar, a visão crítica da sociedade feita por Eça na sua obra mantém-se bem actual nos dias de hoje.
Eça apresenta-nos uma sociedade ignorante, ociosa e sem valores morais e, infelizmente, pouco ou nada mudou nos nossos tempos. Se olharmos à nosso volta, verificamos que existem muitos pessoas que poderiam bem ser um Dâmaso, um Cohen, uma Condessa de Gouvarinho, um Sousa Neto e até um Carlos ou um Ega. Tal como Dâmaso há muita gente que vive de um luxo e de uma cultura aparente. Quem é que nunca conheceu alguém que se comporta como uma verdadeira pessoa culta e chique, como dizia Dâmaso, mas que na realidade é uma pessoa que vive à custa das modas que os outros ditam e que não tem o mínimo de educação e moral? Pois é, na nossa sociedade existem muitos Dâmasos que tudo fazem para alcançarem os seus objectivos, mesmo que isso ponha em causa certos valores. Além disso, na nossa sociedade são muitas as pessoas que valorizam o que é estrangeiro e menosprezam no que é nacional, fazendo muitas vezes imitações ridículas que apenas denigrem a sua imagem. Porquê valorizar o estrangeiro e não o nosso próprio país? Deveríamos todos elogiar o nosso país e salientar as suas virtudes, mas preferimos fazer o contrário e imitar o que não é realmente nosso.
Todos sabemos que a política e economia são assuntos bastante controversos na nossa sociedade, aliás, arrisco-me mesmo a dizer que são os assuntos que, hoje em dia, infernizam a vida de qualquer cidadão português. E de quem é a culpa? É, talvez, de todos nós, mas principalmente dos dirigentes políticos do nosso país. Assim como Cohen não se importava com as finanças do país, também os nossos dirigentes políticos são incompetentes e não se interessam pelo bem-estar do povo. Preocupam-se em ter um bom carro, uma boa casa e uma conta bancária recheada, sacrificando assim milhares de famílias que muitas vezes vivem na rua.