Os anjos
PARTE DO MUNDO CRIADO EM CRISTO JESUS Pe. Henrique Soares da Costa A angelologia[1] é, atualmente, um tema de difícil apresentação na teologia e isto por três motivos básicos: primeiramente porque o homem de hoje recusa, com seu empirismo utilitarista, admitir tudo quanto ultrapasse sua experiência do mundo sensível; em segundo lugar, mesmo entre os que crêem, não parece claro como relacionar de modo adequado os anjos e seu ministério com a história da salvação: nossa piedade um tanto racionalista enfrenta dificuldades em enquadrar os anjos numa perspectiva histórico-salvífica: qual seria aí seu lugar e utilidade? Certamente contribuiu para tal situação uma angelologia desarticulada da cristologia e da Trindade. Finalmente, há, do ponto de vista da história das religiões, a alegação que a doutrina sobre os anjos apareceu relativamente tarde como uma importação de crenças de outras religiões, principalmente as cananéias, as mesopotâmicas e persas. Diante de uma tal situação mental é imprescindível, antes de tratar da angelologia, delinear alguns critérios fundamentais para um reto e aceitável discurso sobre este tema. i. Deve-se evitar todo antropomorfismo a respeito dos anjos, com base na nossa realidade espácio-temporal. Também é imprescindível na parte positiva da angelologia - vale dizer, na angelologia bíblica - levar em conta os gêneros literários e o rico simbolismo que envolve tantas vezes a figura dos anjos nas Escrituras.ii. Os anjos devem ser considerados sempre como espíritos criados, finitos, pessoais e autoconscientes, pertencentes a este mundo criado por Deus, dele fazendo e sendo parte.iii. Os anjos não são autônomos, mas somente podem ser compreendidos biblicamente se referidos a Deus: estão sempre a seu serviço e só aparecem na Escritura em função do plano salvífico de Deus para a humanidade e toda a criação.iv. Como criaturas, os anjos existem