Olha de laboratorio
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Cientistas criam uma retina de rato sintética. Em dois anos, devem chegar às humanas por Felipe Pontes
Um grupo de pesquisadores do Centro Riken de Biologia do Desenvolvimento, em Kobe, Japão, criou as primeiras retinas de laboratório do mundo. Às células-tronco embrionárias de um camundongo, adicionaram proteínas que as fizeram se diferenciar em células específicas da região dos olhos. Após 10 dias de cultivo em tubos de ensaio, se formou espontaneamente o cálice óptico, uma estrutura embrionária do olho que dá origem à retina. “Ficamos surpresos ao ver que um tecido tão complexo como esse havia tomado forma sozinho”, afirma Yoshiki Sasai, que liderou o estudo. Sem nenhum molde, as estruturas também se organizaram em camadas semelhantes às da retina, a parte do olho responsável pela visão.
A técnica pioneira foi apresentada em abril na revista de divulgação científica Nature. Representa um grande avanço para a medicina regenerativa. Até então, só haviam sido criados em laboratórios órgãos de estruturas relativamente mais simples como rins, bexiga e vasos sanguíneos. Dentro de dois anos, o cientista espera fazer retinas humanas. E acredita que, em uma década, já devem existir os primeiros transplantes em testes clínicos. “Estamos no caminho para termos um banco de retinas saudáveis”, diz Sasai. A descoberta também será útil ao desenvolvimento de medicamentos para doenças dos olhos, como a retinite pigmentosa, que afeta uma em cada 3,5 mil pessoas no mundo e não tem cura, levando gradualmente à cegueira. Isso porque os cientistas poderão estudar a progressão da patologia e fazer testes de fármacos já em retinas humanas, criadas em tubos de ensaio.
Crédito: Maná EDI