Olga
A eletricidade
subiu no telhado
A cara conta de luz que o brasileiro paga tem só uma vantagem: está viabilizando a energia solar no país. Sua produção descentralizada é estratégica. O que falta agora é uma indústria nacional, e isso exige tecnologia e inovação. O governo começa a se dar conta disso
Luciana Christante lchristante @reitoria.unesp.br
uspenso no espaço a cerca de 150 milhões de quilômetros de distância da Terra, o Sol é a maior usina de energia do Universo e responsável por todas as formas de vida, direta ou indiretamente. Transformar sua luz em eletricidade é uma ideia perseguida desde os tempos de Thomas Edison. Mas o desafio de construir a primeira célula solar (também chamada fotovoltaica) só foi vencido nos anos 1950, dentro dos legendários Laboratórios Bell, nos Estados Unidos. Desde então físicos, engenheiros, e mais recentemente empresas e governos de alguns países, pressionados pela necessidade de fontes energéticas sustentáveis, esforçam-se para tornar esse dispositivo mais eficiente e principalmente mais barato. Estão sendo bem-sucedidos. Em maio passado, metade da energia elétrica consumida na Alemanha foi pro-
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duzida graças à luz do sol que incidiu sobre painéis fotovoltaicos. Itália, Espanha, Japão e Estados Unidos também dão mostras de que essa tecnologia chegou para ficar. Se o leitor já estiver se perguntando o quão atrasado o Brasil está nessa história, vale dizer que o lugar mais ensolarado da Alemanha recebe 40% menos radiação que a Região Sul, onde se registram os mais baixos índices solarimétricos do território brasileiro. É preciso lembrar também que a China é o maior produtor de painéis solares, mas boa parte da principal matéria-prima usada neles, o silício, sai de reservas de quartzo brasileiras, que estão entre as maiores do mundo. Exportamos o silício bruto e barato para ter de importá-lo na forma de um produto de altíssimo valor agregado. É exatamente o que faz a única empresa nacional nesse