Ola toudodas
287 palavras
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Aquela Triste e Leda Madrugada Aquela triste e leda madrugada, cheia toda de mágoa e de piedade, enquanto houver no mundo saudade, quero que seja sempre celebrada.
Ela só, quando amena e marchetada saía, dando ao mundo claridade, viu apartar-se d`ua outra vontade, que nunca poderá ver-se apartada.
Ela só viu as lágrimas em fio,
Que duns e doutros olhos derivadas, s`acrescentaram em grande e largo rio;
Ela viu as palavras magoadas, que puderam tornar o fogo frio, e dar descanso as almas condenadas.
Este texto é constituído por duas quadras e dois tercetos em metro decassilábico, com esquema rimático é ABBA/ABBA/CDC/DCD e a rima em CD é cruzada. O soneto aborda a separação de dois sujeitos que estiveram juntos e o sofrimento que essa separação provocou, utilizando o termo anafórico “Ela”, que substitui a palavra madrugada ao longo do poema, referindo-a como única testemunha desse afastamento. O sentimento predominante neste soneto é a tristeza.
A madrugada é personificada e testemunhou até ao fim a separação dos amantes: “Ela só viu…”, ocorrida no momento em que o dia nascia, trazendo luz e beleza à terra: “…quando amena e marchetada/ saía, dando ao mundo claridade”. A esta beleza de uma madrugada primaveril opõe-se o sofrimento dos amantes que se separam, e que surge apresentado em metáfora que se transforma em hipérbole: “… as lágrimas em fio” que se acrescentaram em “grande e largo riem”.
O soneto termina com a separação definitiva dos amantes, que é acompanhada por palavra “magoadas” que metaforicamente vão atenuar o fogo da paixão, tornando-o frio, e proporcionando, de certa forma, alívio às almas condenadas ao inferno do sofrimento.