oizinho
Recorrentemente aparece alguém algures que tenta comparar o liberalismo ao marxismo. Se no caso do marxismo já é relativamente errado encará-lo como uma corrente única, no caso do liberalismo é um tremendo equívoco, como referiu aqui, acertadamente, o RAF. De qualquer modo, é interessante analisar as razões que levam alguns a fazer esta comparação. Deixando de lado aqueles que se limitam a aplicar a etiqueta “marxista” ao liberalismo, ou por vezes até a alvos liberais específicos, como se fosse um palavrão ou uma ofensa pré-adolescente, podemos classificar a comparação da seguinte forma:
As acusações são normalmente de (1) determinismo económico, (2) construtivismo social e/ou (3) racionalismo utópico, características quase consensuais do marxismo
Os alvos são tipicamente as correntes liberais mais sistemáticas intelectualmente, como o “libertarianism” americano, o objectivismo ou o liberalismo do século XX (com influência de Mises, Hayek ou Friedman, entre outros, que alguns críticos apelidam de “neoliberalismo”, embora o termo esteja bastante abastardado)
A questão do determinismo económico é interessante na medida em que há de facto um paralelismo superficial. Liberalismo e marxismo partem da observação de que a sobrevivência é a preocupação primordial de cada homem (algo óbvio, diria eu); seguidamente verificam que a acção dos indivíduos na resposta a essa preocupação é condicionada pela realidade económica. Onde diferem, e não pouco, é que o marxismo afirma que as limitações económicas levam à disseminação da ideologia que perpetua essa realidade, isto é, que os factores económicos têm primazia sobre os factores políticos. Esta afirmação tem a sua origem na perspectiva marxista de que a história faz-se de conflitos entre classes, tendo a classe dominante controlo sobre os meios económicos e, por conseguinte, o domínio sobre as restantes. O liberalismo focaliza a sua análise no indivíduo, por isso, como identificou Lord Acton, vê o conflito