oi tudao
Burroughs
Uma Princesa de
Marte
Tradução Ricardo Giassetti
ALEPH
2010
Para meu filho Jack
Prefácio
AO LEITOR DESTE TRABALHO
Ao oferecer a você o estranho manuscrito do Capitão
Carter em forma de livro, acredito que algumas poucas palavras relativas a essa marcante personalidade sejam de interesse.
Minha primeira lembrança do Capitão Carter vem de sua estada de alguns meses na casa de meu pai, na
Virgínia, imediatamente antes do começo da Guerra
Civil. Na época, eu era uma criança de uns cinco anos, mas continuo me lembrando bem do homem alto, atlético, moreno, de rosto brilhante, a quem eu cha mava de Tio Jack.
Ele parecia estar sempre sorrindo, e entrava nas brincadeiras das crianças com a mesma camaradagem sincera que demonstrava àqueles passatempos aos quais os homens e mulheres de sua idade se dedicavam.
Ou, então, ele se sentava por uma hora inteira entretendo minha velha avó com histórias de sua vida estranha e perigosa inundo afora. Todos o amavam, e nossos escravos praticamente veneravam o chão no qual ele pisava. Ele era um esplêndido exemplo de masculinidade, chegando a quase um metro e noventa de altura, de ombros largos e quadril estreito, com o porte de um lutador bem treinado. Suas feições eram regulares e bem definidas, seu cabelo preto cortado rente, enquanto seus olhos eram de um cinza-aço, refletindo uma personalidade forte e leal, cheia de fulgor e iniciativa. Seus modos eram perfeitos e sua cortesia era a mesma de um típico cavalheiro do sul da mais alta estirpe.
Seu estilo ao cavalgar, especialmente na caça à raposa, maravilhava e impressionava, mesmo naquele recanto de magníficos cavaleiros. Ouvi com freqüência meu pai adverti-lo quanto a sua ousadia desenfreada, mas ele apenas ria e dizia que a queda que o mataria seria causada por um cavalo que ainda não havia nascido. Quando a guerra começou, ele partiu e não o vi novamente pelos próximos quinze ou dezesseis anos.