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Elizabeth POLITY
Introdução.
Pretendo neste artigo refletir sobre o trabalho desenvolvido com famílias de crianças diagnosticadas como "autistas". Parti da hipótese de que existe um isomorfismo entre a manifestação do comportamento da criança autista e de sua família, redundando em padrões de funcionamento que tendem a isolar o grupo do contexto social mais amplo.
Como terapeuta familiar e psicopedagoga, centrei meu olhar no atendimento a crianças/jovens que apresentam a queixa de dificuldade de aprendizagem (incluindo crianças autistas). Esta experiência, desenvolvida em consultório particular e em uma instituição que atende especificamente a população supra definida permitiu-me observar, por um período bastante longo, crianças/jovens, suas respectivas famílias e a relação que estas estabelecem com o contexto social mais amplo, incluindo a escola.
Nestes encontros, algumas questões foram se constituindo como centrais e me levaram a observar o funcionamento e a organização do sistema familiar em torno do problema. Dentre elas:
Como o sistema familiar define o problema (aqui entendido como o filho autista)?
Como o problema (idem) define o sistema familiar?
Que narrativas são usadas pela família para construir esse contexto?
Isomorfismo = designa a identidade de estrutura. Dois conjuntos serão ditos isomorfos se houver uma correspondência biunívoca que mantenha invariantes as relações que caracterizam a estrutura. O esforço em prol da busca de tipologias familiares [...] visa encontrar isomorfismos entre conjuntos de transações que caracterizam famílias que comportem um membro doente.
(Miermont e cols., 1994, p.342).
E ainda:
O funcionamento da família de uma criança autista pode também ser considerado autista?
Um referencial teórico para a prática.
Em primeiro lugar, a título de elucidação, cabe trazer o que entendo por autismo e com que sentido essa palavra será aqui usada, visto ter na literatura especializada