Em Janeiro deste ano deu-se início ao processo de entrada em vigor do novo acordo ortográfico, passando gradualmente os documentos oficiais a ser escritos segundo novas regras, às quais, todos vamos ter que nos adaptar. Esta adaptação, no entanto, não é pacífica, têm sido muitas as vozes que se têm erguido quer contra, quer a favor, tal como aconteceu com outros acordos em momentos anteriores. Nem sempre a ortografia foi interpretada da mesma forma. Durante a Idade Média, a escrita era sobretudo fonética, ou seja, os escribas tentavam registar por escrito os sons que ouviam. Durante o século XIX e início do século XX, desenvolveu-se a consciência da necessidade de simplificar e regular a ortografia para difundir o ensino e combater o analfabetismo. Com este intuito, o Governo da recém-implantada República promove a reforma de 1911, que introduz profundas alterações na ortografia. Em 1945, um novo acordo ortográfico foi oficializado pelo Governo português, mas não ratificado pelo Congresso Brasileiro. Na prática, nenhum dos países adotou a totalidade das bases que compõem o acordo, tendo cada um introduzido uns aspectos e preterido outros. A título de exemplo, o Brasil deixou cair as consoantes mudas e Portugal deixou cair o trema e o acento gráfico em ditongos – ei-, tónicos e graves, como em ideia. Os encontros com vista à uniformização foram prosseguindo até 1990. O acordo que finalmente entrou em vigor, no início do ano 2010, segue de perto o acordo ortográfico de 1945. O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990 pretende uniformizar a grafia das palavras dos países lusófonos, ou seja, os que têm o português como língua oficial formado por Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste (último país a aderir), com o objetivo explícito de pôr fim à existência de duas normas ortográficas oficiais divergentes, uma no Brasil e outra nos restantes países