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O Inverno demográfico
15/01/14 00:05 | Ricardo Arroja
Por estes dias, no congresso do CDS, falou-se muito no chamado inverno demográfico - um tema que permite sempre alguns bons ‘soundbytes'.
Ora em Abril deste ano farei 36 anos de idade. Por essa altura farei também parte do reduzidíssimo número de famílias portuguesas com três ou mais filhos (cerca de 5% do total), e que nos dias de hoje qualificam formalmente como famílias numerosas. À minha volta, entre o meu grupo de amigos, o normal é haver um ou dois filhos por casal, sendo que muitos não têm sequer um. Há vários factores que concorrem para a redução da natalidade. A individualização da sociedade é um desses factores. A desestruturação das teias familiares tradicionais, em particular nos meios urbanos onde gerações de pais e avós vivem hoje fisicamente distantes uns dos outros, é outro factor. E depois há também os efeitos da crise económica: o desemprego, o declínio dos salários reais, e o facto de a vida estar cada vez mais cara.

A verdade é que o crescimento demográfico é um dos elementos impulsionadores da actividade económica. E neste aspecto a situação de Portugal, onde a população regista hoje uma idade mediana em redor dos 40 anos de idade, não é boa. É evidente que podemos sempre argumentar que o problema não é um exclusivo de Portugal, que existem outros países europeus, tão díspares quanto a Grécia ou a Alemanha, em piores lençóis. Assim é de facto. Porém, isso não nos deve fazer desviar de um objectivo que deveria ser evidente para todos nós: uma estrutura demográfica mais equilibrada, e no caso mais jovem também. Do ponto de vista orçamental, há incentivos que podem ser adoptados.

Entre esses incentivos sublinho a redução das taxas efectivas de IRS para casais com filhos menores, a flexibilização do trabalho a tempo parcial ou em local remoto para as mães e pais de crianças pequenas, ou ainda a contabilização do tempo dispendido com menores - ou com idosos - como tempo efectivo de