Noel 100

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NOEL 100 Sidney Amandulo

Imaginemos que nasça um artista capaz de antecipar tendências, marcar a cultura do país, ser crítico e genial, libertário como todo grande artista deve ser em apenas vinte e seis anos, assim foi Noel Rosa. Para seu parceiro e também compositor de sucesso Orestes Barbosa: “o maior poeta popular do país”. De 1910 a 1937, período em que viveu, Noel assistiu a um mundo e ao Brasil em transformação tais como Primeira Guerra Mundial, Revolução Russa, Tenentismo, Coluna Prestes, Revolução Constitucionalista... Seguiu sua vocação genial precocemente, abandonou o curso de medicina e em 1930 estoura nas paradas de sucesso da cidade com o magistral Com Que Roupa?, samba que tem a introdução inspirada no Hino nacional. Costumes elegantes, ritmo romântico, uma cidade que evoluía, porém com suas mazelas, dando condições e cenário para o poeta construir sua obra que espelha as ruas, os falares, o moto-contínuo do dia-a-dia. Uma vida intensa, mítica, de que só um grande poeta é capaz de desfrutar, por ter a noção da grandeza dos momentos e em contrapartida a sensibilidade que transforma em canções o sofrimento de dores físicas e emocionais. No conceito de Ezra Pound, Noel se encaixa no de Inventor, ou seja, artistas que descobriram um novo processo, a obra de Noel é a afirmação da Música Popular Brasileira, uma revolução que aproximou o canto da fala no âmbito das letras, sem perder o lirismo e a sofisticação. Noel deixou ao todo mais de duzentas canções, que marcam o cancioneiro nacional com verdadeiras obras-primas, versos pungentes: “Ao tragar a fumaça/Neguei minha raça/Chorando, ao refletir/Que ela era o veneno/Que eu escolhi/Pra morrer sem sentir” (Pela Décima Vez), “Tu sabes que eu te quero,/Apesar de ser traído/Pelo teu ódio sincero/Ou por teu amor fingido...” (Pra Que Mentir), versos satíricos: “Quem arremata