No meio da rua
Buscando as origens do neoliberalismo, como fenômeno distinto do simples liberalismo clássico dos séculos anteriores, o estudioso inglês Perry Anderson as localiza em regiões européias onde imperava o capitalismo e nos EUA, no período logo posterior à Segunda Guerra Mundial. Tratou-se, segundo ele, de uma reação teórica e política contra o Estado intervencionista e de bem-estar, que se construía. O Caminho da Servidão, do austríaco Friedrich Hayek, de 1944, seria o texto originário desse pensamento ideológico, que incluiu o norte-americano Milton Friedman, entre seus seguidores mais expressivos. O grupo de simpatizantes fundou na Suíça uma espécie de sociedade neoliberal, com o propósito de combater o keynesianismo e o solidarismo que se impunham na época e de preparar as bases de outro tipo de capitalismo, duro e livre de regras, para o futuro. A repercussão inicial do movimento foi pequena, em relação às decisões econômicas da época. É que o capitalismo ingressava em uma fase de expansão, fazendo parecer irreais os avisos neoliberais dos perigos da regulação do mercado por parte do Estado. Só a partir de 1973, com a chegada da grande crise do modelo econômico do pós-guerra, quando o mundo capitalista ingressou em profunda e longa recessão, as teorias neoliberais passaram a ganhar terreno. As raízes das crises, segundo Hayek e seus companheiros, estariam localizadas na intervenção estatal e no poder excessivo e nefasto dos sindicatos e do movimento operário, que teriam corroído as bases da acumulação capitalista, com suas pressões reivindicativas sobre os salários e sua pressão parasitária para que o Estado aumentasse cada vez mais os gastos sociais. A solução era óbvia, em sua opinião: manter um Estado forte apenas em sua capacidade de romper o poder dos sindicatos e no controle do dinheiro, mas parco nos gastos sociais e nas intervenções econômicas. A estabilidade monetária