ninguém acredita em oferta e procura
28 de dezembro de 2010 | 18h17
Paul Krugman
A questão do preço das commodities é curiosa; tenho recebido muita correspondência na linha do "Bem, o que é? Impressão excessiva de dinheiro ou ganância?" Mas por que teria de ser uma dessas? Por que não ser apenas uma questão de oferta e procura?
O que estamos vendo, afinal, é um aumento no preço das matérias-primas em relação ao de outros bens e serviços. Isso é o que normalmente acontece durante uma recuperação cíclica e não há nenhuma razão óbvia para ver nisso um sinal de uma inflação fatídica (a menos que se esteja determinado a ver esses sinais).
O que dizer de especulação e manipulação do mercado? Essas coisas acontecem; leitores antigos devem se lembrar de que em 2000-2001 eu estava realmente sozinho quando disse que a crise de eletricidade na Califórnia estava sendo causada por manipulação e não por uma real escassez, uma interpretação posteriormente confirmada por gravações reais de traders dizendo para usinas de energia fecharem.
Mas, eu estava e continuo cético sobre a história de especulação em 2007-2008, pela falta de evidências da acumulação de estoques; e, desta vez, o fato de que os preços ainda estão bem abaixo do pico anterior sugere que não pode haver toda essa manipulação envolvida.
Basicamente, isso parece um rápido crescimento da demanda em mercados emergentes (mas não aqui) colidindo com uma oferta limitada. E é curioso ver pessoas tanto de direita como de esquerda vendo algo de perverso e maligno na oferta e procura em ação.
Extraído do site do Jornal Estado de São Paulo, coluna do Paul Krugman, publicada em 28 de dezembro de 2010, disponível em: