Neuroci Ncia E A Adolesc Ncia
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Neurociência e a adolescência Uma vez mais, o programa Fantástico (TV Globo) fez chamada para um tema que, ao ser exibido, revelou o alto teor de suas habituais características: a superficialidade e a acriticidade. Na edição que foi ao ar no domingo (23/11), um dos destaques dizia respeito ao perfil de uma ‘adolescência entediada’. No transcorrer do programa, eis que a matéria anunciada vinha num bloco no qual, antes, figurava o ‘ônibus da menina do Fantástico‘, ou seja, mais uma ‘pesquisa nacional’ à procura de novas ‘ninfetas’ (ou ‘lolitas’) que, cultura pedófila à parte, adiante, possam ’embelezar’ algum programa da emissora, seja em novelas, seja em outras edições de BBB. Após a tal matéria (‘adolescência entediada’), veio, sob a condução de Regina Casé, pequena reportagem para demonstrar como as comunidades da periferia estão sendo integradas pelas novas tecnologias da informação e da imagem. A condição de titular, há décadas, de um campo que aborda as relações entre ‘linguagens impressa e audiovisual’ me confere a percepção clara quanto à sintaxe na qual se reuniram, por ‘lógica de edição e montagem’, o encadeamento das três matérias. A ‘neurocientista’ do Fantástico parece que ainda não avaliou as transformações pelas quais um ‘cérebro adolescente’ passa em razão da avalanche de desconexos estímulos audiovisuais diários. Ela optou pelo ‘perfil-padrão': o adolescente, pela sua nova fase na vida, desenvolve uma dimensão subjetiva, assinalada pelo ‘tédio’. Em nenhum momento ela leva em consideração que o acúmulo de imagens, sem contextualização, pode levar um cérebro a um ‘estado de inércia’. Ela ignora que a pletora de imagens e informações variadas é capaz de gerar, subjetivamente, o estado de entorpecimento, equivalente àquele produzido, quimicamente, pela ação das drogas. O texto vem a tocar em mais uma das minhas preocupações recorrentes, que é justamente a capacidade de o personagem que teve participação mais intensa na construção de uma