Neoliberalismo
(BIANCHETTI, Roberto G.)
1 - Características Gerais do Modelo
Neste capítulo nos propomos a desenvolver as características mais importantes do modelo neoliberal a partir do pensamento de dois de seus intelectuais mais representativos: Friederich Hayek e Milton Friedman, que, em suas obras, realizam uma crítica às concepções de intervenção estatal, sejam elas as que se derivam do modelo de Estado Benfeitor e keynesiano, sejam as que têm suas origens na teoria marxista.
O conceito de modelo que utilizamos foi tomado de Macpherson, que o define como "uma elaboração teórica com vistas a exibir as relações reais, subjacentes às aparências, entre os fenômenos ou no seio dos fenômenos em estudo" (Macpherson, 1978). Isso quer dizer que nossa intenção é tratar de reconstruir a lógica que relaciona os conceitos que dão forma ao que pode se considerar um modelo de sociedade dentro da concepção neoliberal, analisando o "conjunto de princípios, que como suposições ou concepções constituem sua estrutura teórica" (Vergara, 1984).
Nos capítulos precedentes analisamos, por um lado, a conjuntura histórica que cerca o surgimento do neoliberalismo como proposta hegemônica nos países capitalistas a partir de meados da década de 70, quando a crise do paradigma keynesiano acentua as contradições entre as necessidades de acumulação de capital e as políticas distributivas derivadas do Estado Benfeitor. Por outro lado, apresentamos alguns dos pensadores que sustentam a concepção liberal conservadora da qual o neoliberalismo é uma das manifestações contemporâneas.
Esses dois capítulos não tiveram a pretensão de esgotar esta problemática, já que nosso ponto de partida foi procurar mostrar a historicidade de certos conceitos que fazem parte do ideário neoliberal e confirmar sua pertinência à raiz conservadora do liberalismo.
Nossa opção pela análise de algumas obras de Hayek e Friedman se deve a que estes autores são considerados como os