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MARCÍLIO, 2006, p. 70). No entanto, muitas famílias substitutas adotavam-nas somente por interesses próprios tendo em vista uma mão de obra futura e gratuita para ser explorada e utilizada como suplemento para a renda familiar. A Revolução Industrial, ocorrida no século XIX, trouxe muitas transformações à todas as esferas da sociedade. Os trabalhadores do campo passaram a ser requisitados para o trabalho nas fábricas que foram sendo instaladas nas cidades. Assim, as mulheres que também eram mães trabalhavam até doze horas por dia para ajudar no sustento da casa. Deste modo, a partir da industrialização e da expansão do capitalismo houve a necessidade de criar um local para deixar os filhos das operárias. Muitas mães por não terem nenhuma alternativa disponível deixavam seus filhos nas casas de mulheres chamadas “fazedoras de anjo”. Foram assim denominadas porque a maior parte das crianças deixadas nestes lugares morriam em conseqüência da falta de higiene e da má alimentação, bem como dos maus tratos e doenças. Os primeiros espaços destinados ao abrigo dos filhos das operárias foram criados devido à pressão exercida pelas mulheres trabalhadoras para a criação de um local apropriado para se deixar os filhos, atendendo aos interesses dos patrões, donos de fábricas, e das reivindicações do movimento feminista. Deste modo, em 1844, foi criada em Paris a primeira creche cujo significado em português é manjedoura, lugar onde comem os animais assemelhando-se desta maneira, a figura das crianças com a dos animais. Este local não garantia nenhum tipo de atendimento digno para as crianças porque não supria nem mesmo as necessidades básicas dos pequenos.

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