Nelson Mandela
Há algo de muito especial no sorriso de Nelson Mandela. É um sorriso honesto e puro, cheio de uma bondosa serenidade. Mesmo assim, esse sorriso incorpora as convicções e a força de caráter de um homem que conduziu seu povo à liberdade. É um sorriso tão puro e genuíno quanto o ouro, e ele brilha como alguém que foi severamente forjado no crisol do sofrimento mais profundo, onde se refinam todas as impurezas.
Ele irradiava confiança quando o saudei em Tóquio, numa tarde de julho de 1995. Era o nosso segundo encontro, pouco após haver sido eleito presidente da África do Sul.
O "grande criminoso", que havia suportado mais de 27 anos de encarceramento por alta traição, era agora o presidente de sua nação - um sinal de que a justiça, ela própria também encarcerada por um longo tempo, começava a reinar uma vez mais em sua terra natal.
Mandela comentou: "As prisões da África do Sul pretendiam nos enfraquecer, de forma que jamais tivéssemos novamente força e coragem para perseguirmos nossos ideais."
Os prisioneiros eram acordados antes do amanhecer para iniciarem uma longa jornada de trabalho forçado. Durante 13 anos, Mandela foi conduzido em correntes para uma mina de pedra calcária e forçado a extrair cal de um despenhadeiro íngreme sob um sol escaldante.
Mesmo sob essas condições terríveis, Mandela conseguiu estudar e incentivar os outros prisioneiros a partilharem seu conhecimento uns com os outros e debaterem suas ideias. Palestras eram realizadas em segredo e a prisão veio a ser conhecida como "Universidade Mandela". Mandela jamais diminuiu seus esforços para transformar as visões errôneas e criar aliados entre os que o rodeavam. Posteriormente, seu espírito indomável conquistou o respeito até mesmo dos guardas da prisão. De longe, o tormento mais cruel que tinha de suportar era sua incapacidade de auxiliar seus familiares ou protegê-los das incessantes perseguições das autoridades. Foi na prisão que soube