Natureza- Jaraguá do Sul
Natureza-cidade, natureza e cidade ou natureza versus cidade? A paz na guerra ou a guerra na paz? Mergulhada neste complexo contraditório, penso no ritmo da natureza de uma cidade. Decomponho ideias, tentando reconciliar o que aparenta ser irreconciliável.
Jaraguá do Sul, em sua pessoalidade – briga constante entre os contrastes de verde e cinza – nos envolve em uma cadência mista. Como uma linha que parte das formas onduladas e orgânicas às mais angulares e pontiagudas. O ritmo jaraguaense é agressivo.
A paisagem é confusa, uma demonstração irrefutável de uma micro-cultura massificada e programada para não parar jamais. Enquanto os prédios são construídos, as árvores vêm abaixo forçadas pela violência das águas. O típico exterior arredio escondendo um interior frágil.
Esta parece ser a única porta que liga o homem contemporâneo à natureza: suas catástrofes e manifestações contrárias ao conforto geral. E é por esta porta que entramos meio acanhados. Tirando os sapatos lentamente e observando cada coisa simplesmente sendo – suas posições, funções, cheiros, cores, linhas, movimentos, vidas. Atravessando, assim, quase que ao pé da letra, uma floresta de paz. O carinho que ainda nos resta.
A natureza jaraguaense tornou-se um indivíduo. Ou talvez sempre fora um? Agora senhora receosa, afirmativa e impositora. Porém, como nunca e como sempre, um sopro de vida (já dizia Clarice Lispector). Um sopro nos cabelos, na pele, nas curvas e esquinas. Um balançar de folhas e de águas.
Este sopro, contudo, ainda consegue ser um caos, uma linha rápida com rupturas repentinas. Um caos doce e esperançoso. Um caos confuso e belo que, é capaz de ter paciência para, através do vento que passa entre os meus dedos, dizer “calma, caminhe devagar comigo”.