Nao entendi
Jornal a Gazeta do Povo – 02/09/2012
“Se saio sozinho e estou num bar tomando um chope com os amigos e tenho vontade de ir ao banheiro, fico receoso. É no banheiro que as pessoas usam cocaína quando estão no bar. Eu então evito. Pego meu carro e vou até minha casa. Sempre que saio sozinho, fico ao redor da minha casa. É meio desgastante, mas eu prefiro não correr o risco”. A frase resume o estado de alerta constante e quase impotência de quem passou mais de 60% do tempo de sua existência fazendo uso frequente de entorpecentes, sobreviveu a quatro overdoses em um curto período de dois anos e agora, dia a dia, busca se manter distante dessa fraqueza. Avesso a estereótipos de „ex-usuários de drogas‟, o comentarista de futebol da Rede Globo, Walter Casagrande Júnior, 49 anos, garante manter um “vazio em seu interior, mas agora sob controle”, e preferiu escolher apenas o primeiro passo para sua
recuperação: “Admiti que sou um derrotado perante a droga”. Casão, como ficou conhecido entre os jogadores, conversou com a Gazeta do Povo, em Maringá, onde participou de um ciclo de palestras, voltado aos trabalhadores, promovido pelo Serviço Social da Indústria (Sesi-PR). Números do órgão revelam que dependentes químicos estão envolvidos em 65% dos acidentes de trabalho, faltam dez vezes mais, utilizam 16 vezes mais o plano de saúde e solicitam seis vezes mais indenizações e empréstimos. Apesar da convicção de se manter longe das drogas, assimilada durante um internamento compulsório em uma clínica, Casagrande ainda é acompanhado de perto por uma psicóloga, que viaja a seu lado durante as transmissões de jogos e palestras. Daniela Gallias atua como atendente terapêutica e, na prática, tenta evitar situações de risco para o ex-jogador.
ficou, mas descobri outras opções prazerosas. O trabalho de comentarista e as palestras que faço me dão prazer agora”. A ideia, de acordo com Casagrande, é reavaliar os conceitos e