Nada
É uma poesia aparentemente simples, mas que na verdade esconde uma imensa complexidade filosófica, a qual aborda a questão da perceção do mundo e da tendência do homem em transformar aquilo que vê em símbolos, sendo incapaz de compreender o seu verdadeiro significado.
Na obra de Caeiro, há um objetivismo absoluto. Não lhe interessa o que se encontra por de trás das coisas. Recusa o pensamento, sobretudo o pensamento metafísico. Caeiro é o poeta do olhar, procura ver as coisas como elas são, sem lhes atribuir significados ou sentimentos humanos.
A poesia de Caeiro é construída através das sensações, apreciando-as como boas por serem naturais (para ele o pensamento torna a realidade abstrata/confusa, tornando-a “irreal”).
Optando pela vida no campo, acredita na Natureza, defendendo a necessidade de estar de acordo com ela, de fazer parte dela.
O “Mestre” mostra-se um poeta pagão, que sabe ver o mundo dos sentidos, ou melhor, sabe ver o mundo sensível onde se revela o divino, em que não precisa de pensar. http://www.notapositiva.com/pt/apntestbs/portugues/12_fernando_pessoa_d.htm Alberto Caeiro é o “Mestre” dos outros sujeitos poéticos, apresenta-se como um simples “guardador de rebanhos”, nega a metafísica e valoriza a aquisição do conhecimento através das sensações, não intelectualizadas.
Caeiro é o único que consegue a paz, a estabilidade e a felicidade resultado da recusa do pensamento e do privilegiar das sensações: “Eu não tenho filosofias, tenho sentidos.”
Para Alberto Caeiro “pensar” é estar doente dos olhos. Ver é conhecer e compreender o mundo, por isso, pensa vendo e ouvindo, recusando o pensamento metafísico, afirmando que: “Pensar é não compreender.” Anulando o pensamento metafísico e ao voltar-se apenas para a visão total perante o mundo elimina a dor de pensar que afeta. Em suma, Alberto Caeiro é então aquele que se diferencia pelo facto de ter descoberto o segredo da felicidade, ao recusar o pensamento e ao optar pelo concreto.