NA TRILHA DA ROTA
Resumo: A literatura, uma forma de arte expressada por meio de palavras, há tempos ganhou o campo do jornalismo. Segundo teóricos, esse fenômeno surgiu da necessidade, tanto do jornalista quanto do leitor, de veicular/receber informações com maior profundidade. E foi dessa maneira - mesclando a prática do jornalismo com técnicas de narração da literatura - que nasceu, nos anos 50, nos EUA, o Jornalismo Literário (JL). Hoje uma das vertentes mais importantes do JL é o livro-reportagem. Criado com a finalidade de preencher os vazios deixados pelo jornalismo diário e até pela revista semanal e mensal, o livro-reportagem pode ser visto como uma extensão do próprio Jornalismo Literário. Essa nova vertente, criada a partir de grandes reportagens, desempenha uma importante função no contexto social de ampliar fatos, acontecimentos e situações de relevância para a população, sobre um ponto de vista muitas vezes esquecido pelo resto da imprensa. Para entender a importância desse braço do JL - tanto no contexto social quanto na forma magistral na qual ela conduz o leitor – vamos estudar a obra Rota 66: A história da polícia que mata, publicada em 1992 pelo jornalista Caco Barcellos. Nosso objetivo é entender como a construção narrativa da obra é capaz de conduzir o leitor de forma a que, no final da narrativa, ele acabe simpatizando com aqueles personagens vistos pela sociedade como anti-heróis.
Palavras-chave: Jornalismo literário; Rota 66; Caco Barcellos; livro-reportagem.
Jornalismo Literário - primórdios
Já dizia Álvaro Caldas que “o desafio do velho jornal é preservar seus valores”. (2002, p.17). Segundo ele, o velho modelo de jornalismo impresso precisa voltar às raízes caso queira sobreviver às próximas décadas. Ao que parece, tudo indica que ele sobreviverá, mas, para isso, está tendo que enfrentar o seu maior desafio: mudar.
Ao longo dos anos, o jornalismo impresso como conhecemos vem enfrentando uma enorme crise. Parte se dá ao