Na natureza selvagem
Assim, ele mudou o nome para Alexander Supertramp (“vagabundo” em inglês) e começou a jornada munido apenas de confiança, juventude, livros, uma grande mochila e seu antigo veículo. Meta? Alaska! Mas a própria natureza o expõe à primeira grande prova, fazendo-o perder seu aconchegante veículo "uterino" para uma agressiva enchente. Concluído o batismo subjetivo, onde a mamãe natureza foi testemunha e sacerdotisa, o nosso andarilho recolhe sua mochila e parte para a estrada com o otimismo típico dos jovens idealistas.
O difícil convívio com o pai hipócrita e a mãe submissa, relatados no filme através do diário e das lembranças da irmã – seu único alicerce emocional – ajuda-nos a compreender um pouco toda a explosiva necessidade de renascimento, livre de obrigações sociais. Figuras simbólicas são encontradas durante o caminho, valorizando as relações e traçando aqui um interessante paralelo com a vida comum: o casal de hippies (a mãe e o pai), a menina solitária (namorada), o empresário rural (emprego, irmão mais velho) e o artesão solitário (avô). Este, o momento mais sensível e incrivelmente belo do filme. A cena em que o idoso pede com os olhos marejados para ele desistir desse caminho sem volta é de emocionar o mais duro barril de carvalho. Valendo aqui uma indicação (perdida) para o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante.
O gelo, a simplicidade e a solidão de ideais viram algozes e, num momento de extrema comunhão com o universo, ele descobre o sentido da vida e escreve aquilo que seria o seu mais nobre epitáfio: “a felicidade só é real quando