Márcia Fróes Skaba OK
Instituto Nacional de Câncer (INCA/MS)
Pessini L & Bertachini L (orgs.). Humanização e cuidados paliativos. EDUNISC-Edições Loyola, São Paulo, 2004, 319 p.
Com uma agradável leitura, o livro traz ao cenário da saúde uma temática bastante necessária aos tempos de hegemonia do paradigma da tecnociência nas formações e ações dos profissionais de saúde. Desta forma, deveria ser leitura obrigatória para aqueles que se propõem a atuar neste campo. A obra se divide em dois grandes blocos de reflexão, que se articulam entre si: A Humanização do Cuidar e o Desafio de Cuidar do Ser com Competência Humana e Científica, e Cuidados Paliativos como uma Necessidade Emergente e Urgente na Área de Saúde. A primeira parte inicia com o artigo de Leo Pessini, que tem o título "Humanização da dor e sofrimento humanos na área de saúde". Nessa reflexão introdutória, o autor propõe a incorporação dos aspectos físico, psíquico, social e espiritual relacionados à dor e ao sofrimento. Para ele, a dor tem seu componente orgânico/biológico decorrente de uma perturbação sensorial/fisiológica, enquanto o sofrimento é um conceito mais abrangente e complexo. Para além dos aspectos fisiológicos sentidos da dor, o sofrimento encontra suas raízes na perda da integridade da pessoa e está, substantivamente, atrelado à perda da qualidade de vida. O autor solicita especial atenção para a tendência dos tratamentos, no contexto clínico, em se concentrar somente nos sintomas físicos como se estes fossem os únicos motivos de aflição do paciente.
Numa reflexão bastante contemporânea, Leonard Martin aborda a dimensão ética da humanização hospitalar. Neste estudo, os princípios ou valores da autonomia, da beneficência, da não maleficência e da justiça são objetivamente correlacionados aos direitos fundamentais das pessoas enfermas. Contrapondo o paradigma técnico-científico do hospital moderno à dimensão humana de sua origem, o autor aponta a necessidade de, mesmo quando se esgotam as