Movimentos Sociais
Por outro lado, em função do limitado tempo de que dispomos todos os componentes desta mesa, serei obrigado a omitir aqui as sempre necessárias referências à bibliografia e à documentação de que tenho me socorrido - mas desde já reconheço e sublinho a enorme dívida que tenho para com um largo elenco de intelectuais e pesquisadores, brasileiros e estrangeiros (e que sempre consigno cuidadosamente nos meus textos). E também não me referirei às questões que certamente serão tematizadas pelos meus interlocutores, os queridos companheiros Josiane Santos e Marcelo Braz - tratarei de respeitar a nossa "divisão de trabalho" e, portanto, ater‑me‑ei somente ao tema que me foi expressamente atribuído.
Uma crise sistêmica
Passemos rapidamente os olhos sobre o carro‑chefe da economia capitalista, os Estados Unidos. Não consideremos o fato, nada desprezível, de que ali existem, reconhecidos oficialmente, mais de 50 milhões de pobres; também deixemos de lado (dentre muitos outros indicadores sociais expressivos) a inexistência de um efetivo serviço público de saúde - o programa mínimo, muito mínimo, apresentado neste sentido pelo presidente Obama quase foi inviabilizado, entre outros argumentos, pela falta de recursos para implementá‑lo.
Do ponto de vista estritamente econômico, o país de mais peso no cenário mundial - ainda não ameaçado pela arrancada chinesa - tem um déficit público que já ronda os 10% do seu PIB. Há trinta anos, os Estados Unidos também acumulam déficits na balança comercial