Movimentos sociais
CURSO DE DIREITO
INTRODUÇÃO À FILOSOFIA – texto nº 1
PROFA. MARIA LUIZA HEINE
A FILOSOFIA E A COMPREENSÃO DA REALIDADE
Nunca se protele o filosofar quando se é jovem, nem canse de fazê-lo quando se é velho, pois que ninguém é jamais pouco maduro nem demasiado maduro para conquistar a saúde da alma. E quem diz que a hora do filosofar ainda não chegou ou já passou, assemelha-se ao que diz que ainda não chegou ou já passou a hora de ser feliz. (Epicuro)
Este pretende ser um trabalho de filosofia da educação. Isso significa que tenho a intenção de debruçar-me sobre algumas questões que têm lugar no terreno da educação, mas que pretendo fazê-lo da janela da filosofia, isto é “à moda da filosofia”.
Para introduzir os leitores no território da filosofia, devo convidá-los a ir à Grécia do século VII a.C., quando Pitágoras cunha o termo philosofia, unindo philia, cujo significado é “amizade”, a sophia, que significa “sabedoria”, para indicar “a procura amorosa da sabedoria”.
Por que o convite ao momento histórico da “passagem do mito à razão?, como afirmam os estudiosos desse período? Porque é importante procurar o “começo”, se assim podemos dizer, de um determinado tipo de reflexão do homem. Como todo saber, a filosofia é histórica – transforma-se e explica-se a partir de problemas bem específicos de cada contexto histórico. Não será, entretanto, propriamente a partir dos problemas que descobriremos a especificidade do conhecimento filosófico, mas a partir do modo peculiar com que ele se volta para os problemas para considerá-los. Esse gesto, sim, é que pode nos levar a distinguir o filósofo dos outros pensadores. Estaríamos, portanto, indo à “inauguração” do gesto filosófico.
É preciso esclarecer que não se fala em “começo” da filosofia como se, num momento preciso, de repente, o homem começasse a filosofar. Mesmo no período em que o mito como interpretação da realidade predomina, já se encontram germes da investigação racional,