Monografia
Shakespeare, além de ser estudado sob ângulos históricos, como um produto da época elisabetana, resultado das tensões de um reino que começava a engatinhar, deve ser estudado também sob os aspectos que o afirmaram como universal. Um autor que, apesar de ter vivido há séculos atrás, ter crescido em um país específico e ter escrito na sua própria língua, continua sendo traduzido, lido, assistido, encenado, analisado em muitas culturas, pela façanha de ter se consagrado como um nome internacional, universal e indubitavelmente contemporâneo. Quem desconhece um Hamlet preso em conflitos existenciais, um Macbeth sedento por poder, um Romeu apaixonado por sua Julieta ou quem sabe o general Otelo? Ou ainda, frases como “Ser ou não ser, eis a questão”, “Há mais coisas entre o céu e a terra do que supõe a vossa vã filosofia”? São clássicos exemplos de figuras e expressões que por sua profundidade e abrangência habitam o imaginário popular, o que se justifica por Shakespeare ter conseguido individualizar seus personagens, retratar a vida em si, evidenciando angústias e conflitos cotidianos, despojados de fantasias folhetinescas e embriagados de realidade. Com liberdade temática e essencialmente versátil, o Bardo transitou, com enorme desenvoltura, pelo drama, tragédia e pela comédia. Ao fazer o expectador se emocionar, rir ou chorar, Shakespeare estava retratando, sobretudo, o Homem além das fronteiras temporais. Assim, esse estudo pretende discutir a modernidade e perenidade dos temas tratados por Shakespeare, a partir da obra “Otelo, o Mouro de Veneza”, destacando na peça temas tais como inveja, medo, ciúme, preconceito, crimes passionais, contrapondo elementos do chamado “mundo moderno” ao “mundo medieval”. Os personagens serão analisados mais a fundo: os amores, desamores, confiança, desconfianças, intrigas, egos, para então podermos relacionar os personagens shakespearianos aos nossos contemporâneos. A partir do astuto Iago, que fareja onde está a