Moetodologia
(Por Ana Flávia do Amaral Madureira [2])
Epistemologia positivista e instrumentalismo metodológico: a metodologia como o “caminho para a verdade”
Para Descartes, o universo material era uma máquina, nada além de uma máquina. Não havia propósitos, vida ou espiritualidade na matéria. A natureza funcionava de acordo com leis mecânicas, e tudo no mundo material podia ser explicado em função da organização e do movimento de suas partes. Esse quadro mecânico da natureza tornou-se o paradigma dominante da ciência no período que se seguiu a Descartes. [...] Toda a elaboração da ciência mecanicista nos séculos XVII, XVIII e XIX, incluindo a grande síntese de Newton, nada mais foi do que o desenvolvimento da idéia cartesiana. Descartes deu ao pensamento científico sua estrutura geral - a concepção da natureza como uma máquina perfeita, governada por leis matemáticas exatas”. (CAPRA, 1982, p.56)
· A perspectiva epistemológica positivista é marcada pela visão elementarista e determinista sobre a realidade, próprias à física newtoniana, cuja a metáfora utilizada para descrever o universo remonta ao pensamento cartesiano (como pode ser claramente observado na citação anterior).
· A concepção de uma realidade absoluta, supra-histórica, governada por leis imutáveis apresenta uma longa história no pensamento ocidental. De acordo com Mahoney (1991 apud NEUBERN, 1999), a concepção de uma realidade estável, fixa, no qual a mudança é uma ilusão remonta ao pensamento filosófico pré-socrático de Parmênides, em oposição à concepção de um realidade fluida, processual, no qual o estável é uma ilusão defendida por Heráclito de Éfeso (considerado o "pai" do pensamento dialético).
· No decorrer da história do pensamento filosófico Ocidental, a noção de uma realidade imutável, externa ao sujeito do conhecimento tornou-se dominante. Neste sentido, nos séculos XVII e XVIII (surgimento das