MODELO DE GEST O PARA MUDAR O HOSPITAL
Introdução
O autor tem tido a oportunidade de publicar uma série de trabalhos que abordam o tema da condução de processos de mudanças em hospitais, com ênfase na adoção de modelos alternativos de gestão (Cecilio 1994, 1997a, 1997b, 1999a, 1999b). O presente artigo é um esforço de acrescentar, às reflexões anteriores, questões que enfatizam mais o cotidiano do hospital, em particular algumas das características muito singulares dos seus processos de trabalho e as relações de poder que se estabelecem no interior das equipes e como estas coisas têm que ser consideradas nos processos de gestão da mudança. Centralmente, vou adotar como eixo de reflexão a idéia de que quando uma direção anuncia o desejo e a disposição de promover mudanças na sua forma de administrar ela está sinalizando para os coletivos do hospital que alguém (ela, a direção) está avaliando que algo (a qualidade do atendimento? A satisfação do usuário? A eficiência?) não está bem e, que, de alguma forma, ela (a direção) vai ter que construir algum grau de consenso em torno da necessidade de mudança. Pode parecer evidente esta afirmação, mas qualquer postura logocêntrica, não dialógica -de considerar um projeto de mudança (da direção) como evidentemente necessário e legítimo, sem considerar O OUTRO- poderá resultar no seu fracasso. Sem desconsiderar a necessidade de reorganizações “estruturais” no “sistema de direção” e organograma, discuto a propriedade e a necessidade de se desenvolverem estratégias muito específicas direcionadas a criar -de forma prévia À QUALQUER mudança dos modelos de gestão- um consenso mínimo em torno do projeto de mudança pretendido para o HOSPITAL. Tais estratégias deverão ter em conta, sempre, os aspectos singulares da vida do hospital que apresento na forma de “pares de opostos” no ponto seguinte, sob o