Mina, Angola e Guiné: Nomes d’África no Rio de Janeiro Setecentista Mariza de Carvalho Soares **

8396 palavras 34 páginas
Mina, Angola e Guiné: Nomes d’África no Rio de Janeiro
Setecentista
Mariza de Carvalho Soares **
No Brasil, os escritos são fartos no uso dos termos “preta-mina”, “nação angola” e
“escravos de Guiné”. Essas expressões costumam acompanhar o nome dos escravos ou ser incorporadas a eles: Antônio Mina, Manoel do Gentio de Guiné, Elório Cabinda. Em todos os casos, o nome traz a marca de uma designação de grupo.
Cada uma dessas designações vem acompanhada de características físicas e comportamentais, formas de vestir, línguas, crenças. Combinadas umas às outras, essas descrições permitem vislumbrar uma enorme variedade de critérios a partir dos quais os africanos são enquadrados na sociedade: os escravos apropriados ao trabalho doméstico, os que melhor servem às atividades mineradoras e, no caso das mulheres, porque não, as mais desejáveis parceiras sexuais. Mais que uma forma de identificar escravos, este é um recurso adotado para classificar e organizar a escravaria traficada da África para a América.
Apesar das constantes referências, a historiografia contemporânea tem minimizado a importância das culturas e da composição étnica da escravaria africana e se ocupado de temas como a escravidão, o tráfico e a vida no cativeiro.1 Esta tendência tem levado ao uso
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* A autora é professora do Departamento de História da Universidade Federal Fluminense e doutora pelo
Programa de Pós-Graduação em História da mesma universidade. Este artigo é uma versão resumida do capítulo
3 de sua tese de doutorado: Identidade étnica, religiosidade e escravidão. Os “pretos minas” no Rio de Janeiro
(século XVIII), tese de Doutorado em História, Niterói, Universidade Federal Fluminense, 1997.
1. Maurício Goulart se restringe às rotas comerciais (Angola e Mina): M. Goulart, A escravidão africana no
Brasil: das origens à extinção do tráfico, prefácio de Sérgio Buarque de Holanda, (1ª edição em 1949) 3ª edição revista, São

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