Migrações e redes
Nas últimas décadas, a sociedade portuguesa sofreu um conjunto de transformações que contribuíram para mudar o país com repercussões evidentes nos meios rurais. Na perspectiva de João Reis (2001) estas mudanças estão relacionadas com quatro factores: a urbanização, um maior cosmopolitismo dos comportamentos, uma intensa relação com o mercado de trabalho e uma maior territorialização das práticas quotidianas.
Ao longo dos tempos, as migrações tiveram influências significativas na dinâmica populacional do país. Contudo, a partir da Segunda Guerra Mundial, os meios rurais e as zonas de montanha sofreram um processo de despovoamento e abandono, que se explica pela migração maciça em direcção ao Norte e Centro da Europa e pelo êxodo rural do interior para as grandes áreas metropolitanas do litoral
O fenómeno migratório é um processo dinâmico e complexo, que tem vindo a ser objecto de estudo pelas várias Ciências Sociais. Face à sua complexidade, a abordagem interdisciplinar deste processo é uma mais valia, devido às implicações demográficas, políticas, económicas, sociológicas e psicológicas.
Na perspectiva de Jansen as migrações são um problema demográfico, que influenciam as dinâmicas demográficas das populações de origem e destino; um problema económico, uma vez que este fluxos estão relacionados com disparidades económicas entre as diferentes regiões/países; um problema político, no qual os governos como forma de responder a este fluxos descontrolados criam restrições e condicionantes àqueles que pretendem atravessar as fronteiras; é também um problema sociológico, pelo facto de a estrutura social e o sistema cultural, quer dos lugares de origem, quer dos lugares de destino, serem afectados pela migração e, numa perspectiva mais individual abrange a psicologia, no sentido em que o emigrante está envolvido num processo de tomada de decisão, e a sua integração na sociedade de acolhimento dependerá da forma como irá lidar com a