Migração e Conflito
Martins, Dalila Gonçalves
As migrações, em suas diferentes dimensões, abarcam um fenômeno mundial e compõem o desenvolvimento humano, uma relação cronotópica que, por diferentes razões, impulsiona as migrações. Antes da agricultura, se migrava à procura de alimentos, nos dias atuais esse fenômeno aparece como reflexo das guerras, catástrofes naturais entre outras circunstâncias, como os conflitos étnicos que funcionam como catalisadores das diásporas. Para LECHNER “Ao mesmo tempo que o progresso das comunicações facilita a mobilidade das populações e a circulação de informação, a mundialização da economia faz aumentar a discrepância entre ricos e pobres, à qual vem se juntar hoje numa revolução demográfica da população do globo” (2010, p.5); Para HALL esse fenômeno também é impulsionado pela “pobreza, o subdesenvolvimento, a falta de oportunidades – os legados do Império em toda parte – podem forçar as pessoas a migrar, o que causa o espalhamento – a dispersão” (2009, p. 28). Neste sentido, além das circunstâncias acima abordadas, existe a possibilidade de migração como forma de trabalhar e captar dinheiro para sustentar os entes em seus locais de origem. Assim, existem várias formas de migração, o que nos interessa discutir neste tema é o que LECHNER chama atenção para o que acontece “nas zonas de fronteira simbólica entre os diferentes grupos, em especial entre imigrantes e autóctones, encontramos justamente um terreno fértil para o surgimento e análise dos conflitos” (2010, p.14), trata-se, portanto, dos conflitos gerados a partir das relações inter-étnicas que estão intimamente ligadas às questões econômicas, políticas e, sobretudo, culturais.
Os processos contínuos de espoliações e dominação delineiam um arcabouço que denota as sociedades autóctones do território brasileiro como estrangeiras em sua própria terra de origem. HOMI BHABHA diz: “o sujeito nacional se dividi na perspectiva etnográfica da contemporaneidade da cultura