Met Fora Paterna
Filiação, estruturação, identificação e sexo
Marcelo Pio da Costa, Psicólogo/ Psicanalista. Especialista em diagnóstico e tratamento dos transtornos da infância e adolescência. Mestre em psicologia clínica pela UNB.
Falar sobre “homossexualismos e novas formas parentais”, tema desta mesa, requer abordar alguns assuntos que servirão como sustentáculos das idéias que aqui serão expostas. Por isso, é de extrema relevância falar da questão familiar na atualidade, tendo como ponto de apoio a posição ética do analista que conduz o trabalho clínico de estruturação subjetiva.
Se o pai já não ocupa mais o lugar de antes, o que de fato é bastante questionável, e a família se encontra em uma nova tentativa de organização social e, conseqüentemente subjetiva, é fácil encontrar os signos de uma nova subjetividade onde não é mais a neurose que se apresenta como estrutura clínica predominante.
A clínica comprova isto, principalmente quando direcionada para crianças com transtornos ao longo dos seus desenvolvimentos. Nela, já é possível detectar uma leva de casos clínicos apresentando traços de uma psicose ainda cheirando a leite, fraldas descartáveis e pomadas para assaduras. Isto mesmo, alguns bebês, nos dias de hoje, apresentam indícios de estrutura, revelando a relação das figuras parentais com esta época dita moderna. Questões como estruturação subjetiva, transgressão, delinqüência, imagem corporal, relação com o outro, narcisismo e, é claro, posição sexual, são consideradas diretamente relacionadas ao momento histórico subjetivo não apenas dos pais, mais de toda uma sociedade e de uma cultura.
De início é válido perguntar: Diante do chamado declínio da função paterna, desde que lugar operamos nossa clínica? Observamos este declínio e nos mantemos à parte ou adotamos uma postura de uma boa “resistência”, diferente daquela que Lacan denominou de “a do analista”? Essa resistência viria a fazer barra ao gozo desmedido que, por mais que seja articulado a