mercador de veneza
Em “O Mercador de Veneza”, uma virtude recebe especial relevância: a misericórdia ou compaixão. Fazendo uso das palavras de Pórcia: “a misericórdia é uma virtude que não se pode fazer passar à força por uma peneira, mas pinga como a chuva mansa que cai dos céus na terra. É duplamente abençoada: abençoa quem tem compaixão para dar e quem a recebe”. A ausência de misericórdia é muitas vezes explicada pela busca de justiça “ao pé da letra” quando se trata de punir devedores.
O estudo da obra é pautado na história de um grande mercador da cidade de Veneza chamado Antônio, que para ajudar o seu melhor amigo, Bassânio, pega um empréstimo com um judeu que o considera como inimigo, e, como garantia, em caso de inadimplemento, assina um contrato onde se compromete a dar uma libra da carne do seu próprio corpo.
É nítida a relação da obra com a mediação e a arbitragem, mais especificamente com esta ultima, vez que trata-se do processo onde as partes em conflito atribuem poderes a outra pessoa, ou pessoas, para decidirem por elas o objeto do conflito existente, desde que estas sejam imparciais e especialistas na matéria a ser disputada. Além de que a arbitragem não é um instituto novo, desde o Código Comercial de 1850 ela já estava presente em nosso ordenamento, onde era estabelecido o arbitramento obrigatório para as causas entre sócios de sociedades comerciais. Os povos primitivos, as tribos que habitavam em cavernas e, posteriormente o talião, como forma privada de fazer justiça, com a máxima: o ofensor deveria sofrer o mesmo dano que infligiu ao ofendido, por certo utilizavam uma forma de arbitragem. 2 O MERCADOR DE VENEZA O livro divide-se em seis capítulos,