Mercado Popular da Uruguaiana: uma etnografia acerca do “m² mais caro” do Centro do Município do Rio de Janeiro.
1) Introdução Entre os anos de 2005 e 2007, um grupo de pesquisadores do NUFEP – Núcleo Fluminense de Estudos e Pesquisas, coordenado pelo Professor Roberto Kant de Lima, desenvolveu o projeto “Entre o legal e o ilegal: lógicas igualitária e hierárquica na administração de conflitos no espaço público urbano”. “O projeto aprovado tinha como objetivo principal ‘estudar como a administração dos conflitos por parte do Estado move-se entre duas lógicas, igualitária e hierárquica, que referenciam os usos do espaço público e a aplicação das regras’” 1. Um dos resultados da pesquisa foi o capítulo “O comércio informal em um Camelódromo do Rio de Janeiro” contido no relatório final do projeto. Outro foi o trabalho “Os donos da situação – uma discussão sobre os significados e sentidos do associativismo em um Camelódromo no Rio de Janeiro”, apresentado na VII RAM. Nesse contexto, meu interesse em dar continuidade à pesquisa sobre questões referentes ao Mercado Popular da Uruguaiana e desenvolver trabalho de campo naquele local, consiste na apuração dos dados obtidos e na captação de novas informações para a realização de minha dissertação de mestrado.
O objetivo deste trabalho é descrever os mecanismos utilizados pelas instituições responsáveis por criar, gerir e controlar o Mercado Popular da Uruguaiana para administrar conflitos, especificamente os que dizem respeito ao espaço físico que constitui o Camelódromo e seu entorno, desde a divisão e o controle dos boxes, às licenças concedidas e o controle das mesmas. Esses mecanismos são constituídos por ações, articulações e procedimentos que envolvem um emaranhado de atores, de discursos, de informações e de falta de informações, que se embaralham com altíssimo grau de complexidade. A proposta de reconstruir alguns