Mentes perigosas
INTRODUÇÃO
Nós seres humanos vivemos em sociedade e por definição de sociedade, cada um coopera para a manutenção de uma mínima harmonia, sem a qual nossa espécie não sobreviveria. Não se trata de idealismo, vontades que poderiam nos colocar uns contra os outros são freadas por um estranho dispositivo: a empatia, que é a capacidade de nos colocarmos no lugar do próximo e nos sensibilizarmos com o sofrimento a que nossos atos possam levá-lo. Deixamos de prejudicar os outros, pois isso mesmo nos levaria a sofrer. Sendo que fazendo o bem, nos dá prazer. Mas só uma minoria da humanidade sobreviveu à evolução aleijada da empatia, que são os psicopatas. Eles são algo diferente dos humanos, embora dotados da mesma racionalidade que nos define como espécie, são seres mutilados da emoção e, por isso, incapazes de sentir pelos outros. Isso os levou a assumir o papel representado na ecologia por parasitas e predadores. Os parasitas se associam a outros organismos para tirar os meios com que eles sobrevivem. Podem enfraquecer o hospedeiro, mas lhes interessa que ele continue vivo, para que sigam alimentando-se dele lentamente. Já predadores capturam e matam sua presa, terminada a carcaça, partem para a seguinte. A ciência conseguiu desenvolver meios para identificar os psicopatas que se escondem por trás de uma máscara de normalidade. Este meio de identificação foi um grande passo, mas ainda não se conseguiu o mais importante: tratá-los. A Justiça reconhece a ameaça desses seres à ordem, mas não surgiram meios legais para que possa evitar a ação dos psicopatas antes de terem cometido sua primeira e inevitável maldade. O cinema e o jornalismo também já deram um passo significativo, trouxeram para nosso imaginário a figura de matadores e golpistas sem sentimentos, mas psicopatas não se limitam a isso. A maioria deles parece perfeitamente normal, entram em nossa vida como qualquer outra pessoa. E nós,
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dotados de uma confiança natural em nossos amigos,