Memor
Memória e Aprendizagem
A memória pode ser definida como a capacidade de um organismo alterar seu comportamento em decorrência de experiências prévias. Do ponto de vista fisiológico, essa capacidade é resultado de modificações na circuitaria neural em função da interação do indivíduo com o ambiente. Como já foi apresentado nos capítulos anteriores, o encéfalo humano é composto por bilhões de neurônios, cada neurônio se projeta para centenas de outros neurônios, e as regiões em que essas células se comunicam são denominadas sinapses. A Figura 1 (esquerda) mostra um botão terminal do neurônio pré-sináptico “A” sobrepondo-se ao corpo celular de um neurônio pós-sináptico; o primeiro é capaz de modular a atividade do segundo. A formação de novas memórias envolve mudanças nas sinapses existentes (como a do terminal “A“ com o neurônio pós-sináptico) ou a formação de novas sinapses (como a do terminal axonal “B” sobre o terminal “A” – ver Figura 1, direita); essas alterações levam à alteração e estabelecimento de circuitos neurais que representam as memórias arquivadas.
Figura 1 – Sinapses axo-somática (esquerda) e axo-axônica (direita). A atividade do botão axonal “B” pode modular a liberação de neurotransmissores do botão terminal “A” (modificado de Carlson, 1998).
Esse
conhecimento
atual
resultou
do
trabalho
de
inúmeros
personagens;
destacaremos os principais em um breve histórico do estudo da memória. As primeiras indagações de que se têm notícia na história da humanidade sobre a natureza da memória foram formuladas pelos filósofos gregos e, posteriormente, reformuladas pelos pensadores iluministas. No entanto, o estudo experimental da memória teve início no século XIX, com o desenvolvimento do que hoje denominamos Psicologia Experimental. Hermann Ebbinghaus (1880) realizou uma série de estudos (avaliando sua própria memória) envolvendo a memorização de listas de sílabas sem sentido e a recordação das